sábado, 29 de junho de 2013

PRÓXIMA PARADA. (CONTO DE UMA PAIXÃO FUGAZ)

      
        Agradeceu silenciosamente a Deus quando avistou o coletivo, haviam poucos lugares para sentar mas mesmo assim estava feliz pelo simples fato de ter conseguido pegá-lo.
        A euforia momentânea que rendera animadas saudações com o condutor e o trocador do ônibus impediu que reparasse na beleza da jovem que estava ao seu lado quando sentou. Cabelos de ouro como que de anjo, olhos como céu ao meio dia sem nuvens, um rosto que parecia um convite a participar da obra prima de Deus.                 
      Os gregos falavam em moira, alguns outros falam em destino porém é certo que nossas vidas tem sim momentos como esse que tem obrigatoriedade de acontecer, como se nossas vidas fossem impulsionadas a esses momentos sem chance de fuga ou livramento.
         Quando sentiu a gentil mão interromper a viagem de sua viagem foi como um raio de sol penetrando o frio do inverno, após aquele súbito susto voltou seus olhos para aquela dádiva, ao pousar suas órbitas oculares em tamanha beleza nada mais fazia sentido, já não sabia o que fazia naquele transporte, nem ao menos lembrava seu nome, quanto mais seu endereço.
       Pareceram horas o tempo que levou da reação ao toque celestial até o momento da débil resposta que apressou-se em fazer, um momento mágico pensara ali ter descoberto o verdadeiro sentido da vida, planejava como seria o final de semana que vem quando conheceria seus futuros sogros, qual cor pintaria a casa de campo, se o filho caçula iria para colônia de férias entre outras coisas.     
        Perguntava a si mesmo como havia feito para viver até aquele momento sem aquela que estava ao seu lado agora trazendo sentido a sua vida, foi longe imaginou o seu leito de morte onde só desejaria olhar para ela sorrindo e só assim sua vida teria valido a pena.
         De repente percebeu aquela boca celeste se abrir, iria falar-lhe algo, não importava o que, a resposta para ela era sim, pois já havia se entregado, as primeiras palavras que ouviu foram: - com licença. Sim minha linda pode abrir seu coração para mim, depois o complemento o fez corar.
  
 - poderia sair de cima do meu casaco?
         
           Retornou a si e não mais olhou para o lado durante a viagem, seguiu pensando nos sonhos perdidos e em tanto tempo jogado fora com aquele amor, sabia que sentiria falta de tamanha beleza e que seria doloroso seguir em frente sem ela.
        Ao chegar em seu destino fez um esforço para não olhar para trás e com o pouco de dignidade que lhe restara desceu do ônibus, sabia que jamais sentiria aquilo de novo por alguém, com lágrimas nos olhos prometeu guardar as lembranças felizes em seu coração e desceu em seu costumeiro ponto.

Um comentário:

  1. Curti!
    Fora as vírgulas que você engoliu de forma poética. kkk

    essa parte ficou compreensível mas confusa para o texto:
    - com licença. Sim minha linda pode abrir seu coração para mim, depois o complemento o fez corar.

    A resposta pode ter sido um sonho, verbalizada, pode ter ocorrido de muitas formas...Vc deixou no ar! =]
    Bjs

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